Sobre minha profícua carreira de atleta

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Eu tinha 7 anos quando cheguei em São Paulo. Meu pai havia sido transferido para trabalhar em Osasco e toda a nossa família se mudou para Jundiaí. Era uma mudança brusca, mas as condições de vida iam melhorar muito – o Rio de Janeiro não vivia seus melhores dias.

Passamos 3 meses em um hotel chamado Le Partenon, num apartamento com cozinha americana e dois quartos. Era a vida dos sonhos. Eu não estava matriculado ainda e passava o dia vendo TV Globinho e jogando o meu CD-Rom com 120 jogos num notebook alugado. Existe um cheiro específico de comida que me lembra imediatamente o Le Partenon.

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Diário de Quarentena

Acordo às 9h. Antes mesmo de levantar da cama mando um “bom dia” no grupo do trabalho, para denotar que já estou a postos. Só aí troco de roupa (detalhe importantíssimo!), arrumo a cama, passo um café, rego as plantas. Às 9h20 estou pronto para trabalhar.

Trabalho focado e produtivo até 11h40, quando bate a fome.

Decido o que vou cozinhar. Penso calmamente, escolho. Uma proteína, um carboidrato, alguma coisa verde. Qual o suco? Laranja, beterraba, guaraná.

Cozinho ouvindo música e checando o celular o tempo todo. Almoço tranquilo, na mesa da sala, com a música ainda tocando.

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Sleepy Beach

– Com licença, você também comprou passagem nessa corporativa?
– Não, não.
– Ah, beleza.

Pedro continuou olhando sua passagem, tentando entender aonde seria o embarque. O senhor com quem acabara de falar, então, lhe pergunta amistosamente:

– Pra onde você está indo?
– PORRA. Tu quer ficar de papo AGORA?

E foi embora. 

Assim teve início mais um dia comum em São Paulo City.

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Relatos Oníricos

Eu sei que isso pode me colocar em enrascadas, mas sempre que eu sonho algo maneiro com alguém, imediatamente conto pra pessoa. Ainda impactado com as imagens do sonho, nem raciocino muito: acordo, lavo o rosto, pego o celular pra ver as 300 mensagens não lidas, abro a conversa da pessoa e conto pra ela.

No processo de contar, começo a perceber as ideias por trás das imagens, e consigo entender melhor os caminhos que meu inconsciente passou para chegar ali. Eu devia contar isso pra um psicólogo, mas na impulsividade que prezo por manter, por achar que me torna uma pessoa mais transparente e verdadeira, conto pra pessoa diretamente.

Talvez esses sejam os momentos de maior sinceridade de toda a minha vida. Curiosamente, as pessoas sentem que estou mandando uma indireta.

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Segundas

Quem habituado está à Gestão de Badvibes pode imaginar como acordei. Sempre que vou pedir uber pra minha casa, o destino sugerido pelo app é a casa dEla. Percebam a sutileza do cavalo: sonhei comigo pedindo um uber pra casa dEla e o carro não chegava nunca.

Entregue a choramingos e condolências, levantei às 8h e fui me vestir. Estava me sentindo especialmente apto a vestir preto. Fechei a porta, botei os fones de ouvido (Copeland – Erase) e comecei a me vestir com toda a dramaticidade de uma solidão matutina. Acendi o beck, refleti virado pro espelho. Minha mãe, toda estabanada, entra no quarto.

– Ô GUILHERME tu vai querer DIPINDURA esse quadro aqui na tua parede?

– MÃE você não vê que estou TRISTE?

“Vô não, bãe. Guarda ali que depois eu vejo isso”

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O Centro ao Meio-Dia

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“11h55?”, o Gui me mandou no whatsapp. “F1” respondi.

Eram 11:45. Eu estava no escritório e já começava a me preparar para dar um dois num beck antes do almoço, como fizemos algumas vezes pontuais.

Começou de forma inocente. Certa vez a gente tava afinzasso de dar um dois e não sabia aonde – o centro do Rio é cheio de coxinhas de terno, policiais e delatores. É preciso ter cuidado.

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