Há quem prefira urtigas (Junichiro Tanizaki) – Resenha

“Shishosetsu”, a “Literatura do Eu”, é um estilo literário em primeira pessoa que mistura a ficção e a não-ficção com histórias profundamente confessionais. Após 700 anos de regimes militares, ele marca a primeira vez que os japoneses puderam escrever sobre si mesmos livremente. Sobre seus pensamentos, sentimentos, segredos, confissões e, principalmente, sobre a dualidade de um Japão que experimentava a liberdade pela primeira vez.

Entre o anos 1910 e 1950, o Shishosetsu foi composto por livros que falavam sobre depressão, pedofilia, suicídio, orientação sexual, crimes e outras coisas que até então estavam escondidas.

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O que aprendi assistindo animes de esportes

Há uns 15 dias, Lucas da Fresno comentou an passant sobre um anime de ciclismo disponível na Netflix que seria imperdível para otakus e ciclistas. Aquele breve comentário desencadeou uma jornada de conhecimento e desafio, que mobilizou minha mente nas últimas semanas, fortaleceu meus pulmões e me fez emagrecer dois quilos. Conto agora, meus amigos, tudo que aprendi vendo animes de esporte.

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Precisamos falar sobre Terrace House

Agora que terminei a segunda parte de Terrace House 2019-2020, eu preciso falar sobre isso. Houve um acréscimo de qualidade tão grande que algumas coisas do texto anterior precisavam ser retificadas.

Após escrever aquele texto, pude ver quais foram os artifícios utilizados para manter o programa empolgante. Como eles mesmos dizem, é muito fácil cair na zona de conforto. Mas isso passou longe de acontecer.

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The Human Condition: Filme tem 9h47m e você devia vê-las

Janus Films — The Human Condition

Épicos relatam a jornada de um herói honrado contra as malvadezas do mundo. Por mais que a estrutura seja sempre parecida, dificilmente esses filmes não são maravilhosos. Imagine você, então, um épico de quase 10 horas sobre um japonês pacifista no meio da Segunda Guerra Mundial.

Essa é a história de Guerra e Humanidade (The Human Condition), o épico de Masaki Kobayashi, um dos filmes mais importantes da história. O filme é dividido em três partes, todas estreladas por Tatsuya Nakadai no papel de Kaji.

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Arquétipos de Suicídio: A Morte Escolhida

Nessa cultura, importantes entidades religiosas se suicidaram e obtiveram assim o ápice de sua realização espiritual. Os grandes ícones históricos encontravam no suicídio uma maneira de encerrar a vida com honra.

Após a frequente repetição de determinados arquétipos de suicídio em produções japonesas, me peguei pesquisando sobre como o suicídio é visto na cultura oriental. Anotei algumas coisas e compartilho com vocês, adicionando o conteúdo que me levou a pesquisá-lo:

1. HARAKIRI

Seppuku - Wikiwand

Se o suicídio é comumente relacionado à tristeza e depressão, no Japão feudal existia uma forma diferente de encará-lo. Samurais que, por alguma razão, decidissem dar um fim às suas vidas, poderiam fazê-lo sem perder a honra ou entristecer familiares.

Funcionava assim: o Samurai precisava ir a uma guilda e pedir permissão ao líder para fazer o Harakiri. Ele contava sua história de glórias e batalhas, e explicava exatamente por que decidia dar um fim à vida. Às vezes por alguma doença, dívidas, problemas familiares, profunda tristeza, ou simplesmente por acreditar já ter cumprido seu papel. Caso o pedido fosse aceito, dava-se início ao ritual.

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Terrace House 2019: O reality que é reality mesmo

Terrace-House

Terminado o BBB, fiquei órfão de um entretenimento de fácil digestão. Cheguei a passar pelos vales das sombras e da morte, dando chances a Mestres do Sabor e De Férias com o Ex, mas o único que me cativou mesmo foi o reality japonês da NetFlix Terrace House 2019-2020.

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40 dias de quarentena

Entendo que tenha todo um lado problemático nessa afirmação, mas eu estou amando a quarentena. Nesses 40 dias, tive apenas dois dias de mau humor. De resto, estou brilhante. Faço minha comida, trabalho sem precisar sair de casa, meu salário e minha família estão protegidos. Moro na minha própria casa, onde posso molhar minhas plantas e tomar chá com torradas.

Disse algumas vezes essa frase e repito de novo: o que vocês chamam de quarentena, eu chamo de férias de verão. Porque era exatamente assim mesmo. Eu passava dois meses in-tei-ri-nhos sem sair de casa. Tão logo acabava o ano letivo, eu agia exatamente assim:

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