
Primeiro longa-metragem de Hiroshi Teshigahara, “A Armadilha” é um filme de 1962 que explora o mundo dos vivos e dos mortos, as condições de trabalho difíceis para os mineiros e como a maldade pode afetar as pessoas mesmo após a morte.
Otoshiana mistura elementos de fantasia, suspense e horror para criar um “documentário fantástico” sobre violência e trabalho. Um pai e filho fugindo de algo desconhecido encontram um vilarejo de mineiros. Procurando uma ocupação, o pai acaba sendo assassinado. Imediatamente seu espírito se desprende do corpo e passa a acompanhar o desenrolar da investigação do homicídio.
Como um espectador imperceptível, ele acompanha passo a passo da polícia indo na direção completamente errada. Isso porque o assassino paga uma testemunha para dar pistas falsas e, mais tarde, outros crimes serão cometidos para incriminar pessoas inocentes. Tudo fazia parte de um plano, de uma Armadilha, da Companhia Mineradora para desmobilizar os sindicatos de mineradores.

No fundo, em um contexto de trabalho análogo à escravidão, com muito sofrimento, suor e moscas, o filme pode ser interpretado como uma crítica social e política, demonstrando como as pessoas se corrompem quando expostas a situações de pobreza e disputa política. O clima de suspense é criado pela excelente e sensorial trilha sonora de Tôru Takemitsu.
Seguindo uma tradição do cinema japonês da época, Otoshiana busca colocar na tela os horrores a que a população era submetida em um Japão ainda machucado pelas guerras e com um histórico de autoritarismo no qual os pobres acabam, de um jeito ou de outro, sendo escravizados.

A Armadilha (Otoshiana)
Gênero: Drama / Suspense
Diretor: Hiroshi Teshigahara
Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento: 1962
País de Origem: Japão