“Argentina, 1985” e o julgamento mais importante desde Nuremberg | Crítica

Começou a temporada Oscar 2023 aqui no Emo Tropical! Começamos, é claro, pelos estrangeiros. Assim como na Copa do Mundo, a Argentina deixou o Brasil pra trás e representa a América do Sul na corrida com “Argentina, 1985”.

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Sinopse:
Um promotor amanhece com o maior pepino que um advogado pode receber – processar os 9 ditadores do regime militar que acaba de cair. A tarefa é tão ingrata e perigosa que ninguém quer ajudá-lo. Em meio a ameaças de morte e intimidações, ele forma uma equipe com jovens advogados e vai à forra com aqueles milicos malditos, naquele que acaba sendo o julgamento mais importante da história da Argentina.

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Opinião sobre “Argentina, 1985”:
O clássico formato de filme de tribunal, mas com uma montagem muito particular, sóbria e fiel aos fatos. Se colocado em comparação, por exemplo, àquele “Os 7 de Chicago”, onde tudo parece uma grande festa, neste há a devida seriedade ao tratar de um julgamento primordial sobre o regime sangrento que sequestrou, matou e torturou milhares de pessoas – ao menos 30 mil desaparecidas.

Ricardo Darín é um maestro, de atuação irretocável, um Lionel Messi das telas de cinema, permitindo que outros jovens atores brilhem e conquistem seu espaço, como Juan Pedro Lanzani.

O grande momento do filme é quando, após as 800 testemunhas contarem relatos escabrosos de tortura e sadismo, a população argentina chega à tão esperada tomada de consciência. Quando a classe média desinformada, que até então estava inerte, que associava militarismo à moralidade e honra, que passava pano para se manter na zona de conforto do conservadorismo, finalmente essa massa de manobra tacanha e infernal toma consciência de que estão tratando de perversos, de imorais, de assassinos frios e sangrentos.

Sem precisar utilizar subterfúrgios hollywoodianos, as 2h20 de filme não chegam a ser enfadonhas em nenhum momento. O ritmo rápido (há muita história pra contar) e a estética vintage tornam toda a experiência um deleite, uma ode à América do Sul, à Democracia e à Argentina, que vive um momento único em sua história, de novo governo, de novo título mundial, de nova esperança.

“Dante Alighieri, em A Divina Comédia, reservava o sétimo círculo do inferno para os violentos. Para todos aqueles que feriram outros com o uso da força. E, nesse mesmo inferno, ele mergulhou em um rio de sangue fervente e repugnante, um tipo específico de condenado, que o poeta descreve como: “Estes são os tiranos que viveram de sangue e de rapina. Aqui, eles lamentam suas impiedosas maldades.””

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Acompanhe todas as Críticas do Emo Tropical sobre Oscar 2023.


Assista na Amazon Prime Video / 2h 20min / Drama

Direção: Santiago Mitre

Roteiro Santiago MitreMariano Llinás

Elenco: Ricardo DarínFrancisco BertínAlejandra Flechner

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