Aftersun (2022), um filme sobre coisas que não são ditas

O segundo filme da Maratona Oscar 2023 foi Aftersun, que assisti no cinema Estação Net, lá em Botafogo, o melhor lugar do mundo.

Sinopse:
Sophie reflete sobre a alegria e a melancolia das férias que ela tirou com seu pai 20 anos antes. Memórias reais e imaginárias preenchem as lacunas enquanto ela tenta reconciliar o pai que conheceu com o homem que desconhecia.

Opinião sobre Aftersun:
Com um enredo aparentemente simples, a história relevante de Aftersun está apenas insinuada, por baixo dos panos, nas entrelinhas. É um filme, justamente, sobre as coisas que não são ditas. Sobre as coisas que não percebemos quando somos crianças. Sobre as coisas que escondemos quando somos adultos.

E por não estar claro, você vai sentindo aquela apreensão, o suspense, a expectativa de que uma hecatombe vá acontecer a qualquer momento – ela já está acontecendo, esse teu sentimento já é a presença da hecatombe ali. De tu sentir essa apreensão, é porque você já sacou o que está acontecendo.

Tudo isso é feito a partir de uma montagem muito boa. A estética é relativamente simples, justamente para demarcar o tempo e o espaço em que o filme ocorre, um resort falido no final dos anos 90. Então não é um filme que se destaca pela beleza material: é a construção dele, a escolha de qual cena colocar em cada local de qual jeito, a forma como os sentimentos são transmitidos sem serem ditos. É um filme que te faz pensar em novas formas de fazer cinema, de contar histórias. E de sentir.

Acompanhe todas as Críticas do Emo Tropical sobre Oscar 2023.