
Neste curto livro de Graciliano, acompanhamos Paulo Honório enquanto escreve suas memórias. Fazendeiro, conta de como fundou o sítio São Bernardo, também conta de como conheceu e se casou com a professora Madalena. No fim, descobrimos que ele visita suas memórias buscando nelas a razão de sua vida ter dado errado.
O livro é um exemplo de destaque do modernismo: logo no início, Paulo debocha do advogado que “queria escrever como Camões, de trás pra frente”. Paulo busca dar oralidade à escrita, tendo Graciliano, após escrito o livro, traduzido ele de português para “o brasileirês”.
Puro suco de Brasil modernista.
Não chega a ser escrito como se fala, nem Paulo chega a lembrar como de fato viveu: tudo encontra-se num meio termo deformado, e essa metáfora se explicita quando o próprio Paulo, ao se olhar no espelho, já não se reconhece. O ofício, diz ele, causou-lhe casca, tornou-lhe um monstro.
“E mesmo que pudesse fazer tudo de novo, acabaria fazendo tudo igual”, é a desesperadora conclusão.
O que percebo é que Graciliano não era autor de grandes histórias, mas de histórias simples incrivelmente contadas.