
Existem algumas maneiras de ler esse livro. Para os otimistas, é um livro sobre a felicidade e encontrar seu lugar no mundo. Para os questionadores, é um livro que impõe a pergunta: o que é ser normal? Para quem gosta de diagnósticos, deve ser um livro sobre autismo, ou algo semelhante. Para os práticos, uma análise prática: o capitalismo tardio e a precarização do emprego.
Keiko tem 36 anos e nunca se encaixou bem socialmente. Sem nunca saber como se portar, preferia que as pessoas lhe dissessem exatamente o que fazer, como agir, como sorrir, como olhar, como vestir. Encontrou isso num trabalho temporário, em uma loja de conveniência (Konbini).
Sem direitos trabalhistas, recebendo pouco, sem perspectiva, o trabalho é mal visto, principalmente por ela já ter 36 anos e, além disso, nunca ter tido um namorado. Para todos ao seu redor, sua vida é um fracasso; para seus entes mais próximos, uma frustração; mas, pra ela, está tudo bem.
Após 18 anos de trabalho, a Konbini é o centro de sua vida, sua razão de existência. Até os átomos de seu corpo são formados pelas comidas da Konbini; a água que circula em seu corpo é das garrafinhas d’água da Konbini; ela dorme para estar descansada na Konbini.
Mas, com a chegada de um novo funcionário esquisitão, as coisas podem mudar.
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140 páginas, para ler em um dia.
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Konbinis ficam abertas 24 horas e vendem de comida a revistas, ferramentas e jogos. Seria um sonho? Imagina voltando da balada, matar a fome e ainda comprar um mangá.