
“O fato de uma coisa ser difícil tem de ser mais um motivo para fazê-la. Amar também é bom: pois o amor é difícil.”
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“Cartas a um jovem poeta”, do Rilke, é o livro que mais mexeu comigo na vida. Já presenteei 3 pessoas diferentes com ele, anexando marca-páginas em minhas cartas favoritas. Em 1903, um rapaz de 17 anos troca cartas com seu poeta favorito, que lhe dá diversas dicas de como encarar a vida. O Rilke foi um dos poetas mais influentes da Europa no século XX, e sua correspondência foi publicada nesse livreto de 60 páginas.
Daí que eu tava passando em um sebo e encontrei essa linda edição de “Os Cadernos de Malte Laurids Brigge”, o único romance do autor, publicado em 1910. Eu já tentara lê-lo no passado, numa edição péssima de bolso que tornou a leitura impossível. Um dos únicos livros que abandonei e que me perseguia até então.
Abracei o desafio novamente nessa outra edição, de tradução portuguesa, e não foi uma tarefa simples. Uma mistura de prosa, poesia, filosofia e arte, uma grande amálgama de fluxos de consciência sem uma estrutura narrativa ou preocupação formal com o leitor.

Após uma infância idílica no castelo de sua família, o narrador está morando em Paris, solitário, pobre e com problemas psiquiátricos, pois em certo momento descreve estar num hospital psiquiátrico e entra numa pira que dá a entender que tomou eletrochoques. Não há nenhuma preocupação em apresentar cenários ou personagens, tudo é centrifugado em meio a reflexões existencialistas, que podem surgir da morte de um parente ou da abertura de um guarda-roupas.
Controlei uma vontade louca de pular algumas páginas, mas foi uma das tarefas mais árduas da minha vida, em que muitas vezes me peguei pensando: por que eu estou fazendo isso comigo?
Talvez fosse essa a intenção.
Com toda devoção e toda simpatia,
Rainer Maria Rilke
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“Não se deixe enganar em sua solidão só porque há algo no senhor que deseja sair dela.”