
Eu nunca tinha lido Saramago, até o último natal, quando minha mãe me presenteou com O Ano da Morte de Ricardo Reis, de acordo com ela, “porque nosso sobrenome é Reis”.
Li ele inteiro em 2 dias. Nele mostra-se os últimos dias deste poeta, que na verdade, não existiu. Ricardo Reis foi um pseudônimo do Fernando Pessoa. Quando Pessoa morreu, não houve um fim para a história de Ricardo. É nesse gap que Saramago atua.
Médico, passou 16 anos no Rio de Janeiro e voltou para Lisboa sem saber ao certo o por quê, apenas sentiu que era hora de voltar. Sem família nem amigos, vaga pelas ruas e se hospeda em uma pousada, da qual os funcionários e hóspedes se tornam os personagens da trama. Entra em um triângulo amoroso com a camareira e com uma hóspede deficiente física. Tudo sob os olhos do amistoso, porém fofoqueiro, gerente do hotel.
Paralelo a isso, um quê de realismo fantástico faz Fernando Pessoa, em espírito, visitá-lo, no que eles conversam como se estivessem num bar – de poesia a aventuras amorosas e provocações.
O pano de fundo de todos esses acontecimentos é o pré-fascismo de Salazar em Portugal, que adiciona um clima mórbido e sombrio à Lisboa de 1936.
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Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.