Agora que terminei a segunda parte de Terrace House 2019-2020, eu preciso falar sobre isso. Houve um acréscimo de qualidade tão grande que algumas coisas do texto anterior precisavam ser retificadas.
Após escrever aquele texto, pude ver quais foram os artifícios utilizados para manter o programa empolgante. Como eles mesmos dizem, é muito fácil cair na zona de conforto. Mas isso passou longe de acontecer.
PARECE QUE TEM ROTEIRO
Na abertura de cada episódio, a apresentadora explica: colocamos seis pessoas na casa, damos casa e carros pra elas e observaremos como interagem. Não há roteiro.
Pois bem. Eu acho que há. E antes que isso venha a se tornar uma discussão minimamente relevante, eu já aviso – se isso for roteiro, PODE SOCAR MAIS ROTEIRO NA MINHA CARA QUE EU TO GOSTANDO MUITO.
O que nitidamente há é um direcionamento para algumas atitudes. Não é possível que a pessoa vá fazer uma entrevista de emprego e o contratante pergunte “e aí, você tem alguma paquera na casa?”. Os takes que filmam os participantes no trabalho, ou em atividades em público, devem ser muito bem combinados.
Também deve haver um direcionamento para que os participantes inventem uma desculpa para irem embora. Quando o primeiro resolveu sair do programa, uma segunda deu um backflip retórico doido e decidiu sair também. Na segunda rodada, foi ainda mais nítido: duas motivações absolutamente distintas levaram as pessoas a saírem no mesmo dia.
O que acontece é que precisam colocar gente nova para dar um gás novo. Quando começa a cair na zona de conforto, alguém tem que sair. Melhor que saiam dois. E isso às vezes é muito legal!
NOVOS PARTICIPANTES M A R A V I L H O U S O S!
No fim da primeira parte, os dois participantes mais chatos e desinteressantes se despediram. E entraram dois novos! A construção da entrada deles é muito legal e gera uma empolgação doida. Você não sabe nada sobre eles até o último segundo, quando eles entram na casa e a câmera faz aquele take clássico do pé à cabeça.
A galera que entra injeta imediatamente um gás novo no ambiente. E um fator interessante ajuda nisso – o novo participante é italiano! Peppe, um desenhista super amistoso, inteligente, inspirador, com uma história mó maneira, entra na casa e bagunça aquele monte de japonês remelento!
O cara saiu da Itália e foi para o Japão lançar o próprio mangá. Mesmo com a rotina insana de um mangaká, que trabalha até 12 horas por dia, 7 dias por semana, ele arranja tempo para fazer drinks, cozinhar macarrões, falar coisas maneiras, e viver um romance empolgante com a participante antiga.
Aí entra um jogador de basquete profissional, que adiciona todo aquele fator de ser uma pessoa pública, regrada, sob pressão, competitiva, que mesmo durante o programa joga uma temporada inteira da primeira divisão nacional.
As meninas ficam doidas por eles e eles por elas, e as dinâmicas ficam cada vez mais empolgantes e cheias de expectativa.
E ENTÃO ENTRA A HANA
Precisamos falar sobre a Hana.
Hana Kimura é uma das personalidades mais lindas que o Japão já trouxe a público. Hana Kimura era uma lutadora profissional que nem sua mãe. Filha de um Indonésio que nunca a assumiu, ela é metade japonesa mas tem traços bem diferentes dos japoneses.
Hana é jovem, fofa, divertida, mas insegura como a maioria das meninas de 22 anos é. O problema é que a exposição gerada pelo programa trouxe à tona todo um passado de bullying por sua origem mestiça.
Por mais maravilhosa que ela fosse, Hana foi vítima de um bullying virtual pesado após o programa, culminando no seu suicídio em 23 de maio de 2020, aos 22 anos. Infelizmente o seu jeito espontâneo e engraçado não agradou aos carrascos, os amargurados malditos que elegem bolsonaros e trumps e se espalham como uma praga pelo mundo.
Isso insere toda uma nova carga dramática à série por que A. Cada. Cena. Você. Ama. Mais. A. Hana.
Ela e o Peppe são estrelas brilhantes e inspiradoras. É triste demais termos chegado a este fim, mesmo levando em conta toda a questão do suicídio no Japão.
E OS PARTICIPANTES ANTIGOS?
Tem coisa boa sobre eles também! Como o programa passa na televisão enquanto eles estão na casa, eles conseguem on real time receber feedbacks do público e dos comentaristas. Isso lhes abre uma maravilhosa oportunidade de cumprirem um arco dramático completo, de cometerem erros, de serem rejeitados, criticados, e terem a oportunidade de provar que podem ser melhor.
Um é sacaneado por não saber o que quer do futuro. A outra é egoísta, não presta atenção nos sentimentos dos amigos. E, após os feedbacks, você pode vê-los tomando atitudes concretas para efetivarem suas melhorias ainda na casa.
Chega ao ponto de personagens que você detestava te conquistarem, e você se pegar emocionado quando eles saem da casa. Muito mais construtivo e inspirador do que qualquer reality show que você já tenha visto.
VALE A PENA VER MESMO?
VAI LOGO ASSISTIR E VEM COMENTAR COMIGO!
E diz pra mim: e aí, tem roteiro?
tava procurando resposta da tarefa do ccaa encontrei 10 anos de 3 blogs
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