Freestyle de Ideias #02

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Se possível, não devemos alimentar animosidade contra ninguém, mas observar bem e guardar na memória os procedimentos de cada pessoa, para então fixarmos o seu valor, pelo menos naquilo que nos concerne, regulando, assim, a nossa conduta e atitude em relação a ela, sempre convencidos da imutabilidade do caráter. Esquecer qualquer traço ruim de uma pessoa é como jogar fora dinheiro custosamente adquirido. No entanto, se seguirmos o presente conselho, estaremos a proteger-nos da confiabilidade e de amizades tolas.

“Não amar, nem odiar”, eis uma sentença que contém a metade da prudência do mundo; “nada dizer e em nada acreditar” contém a outra metade. Decerto, daremos de bom grado as costas a um mundo que torna necessárias regras como estas.

Arthur Schopenhauer, ‘Aforismos Para a Sabedoria de Vida’

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Os Espíritos Livres — como criações espectrais

Foi assim que há tempos, quando necessitei, inventei para mim os “espíritos livres”, aos quais é dedicado este livro melancólicobrioso que tem o título de “Humano, Demasiado Humano”: não existem esses “espíritos livres”, nunca existiram — mas naquele tempo, como disse, eu precisava deles como companhia, para manter a alma alegre em meio a muitos males (doença, solidão, exílio, acedia, inatividade): como valentes confrades fantasmas, com os quais proseamos e rimos, quando disso temos vontade, e que mandamos para o inferno, quando se tornam entediantes — uma compensação para os amigos que faltam. Que um dia poderão existir tais espíritos livres, que a nossa Europa terá esses colegas ágeis e audazes entre os seus filhos de amanhã, em carne e osso e palpáveis, e não apenas, como para mim, em forma de espectros e sombras de um eremita: disso serei o último a duvidar. Já os vejo que aparecem, gradual e lentamente; e talvez eu contribua para apressar sua vinda, se descrever de antemão sob que fados os vejo nascer, por quais caminhos aparecer.

Friedrich Nietzsche, ‘Humano, Demasiado Humano’

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“Meus pensamentos”, disse o andarilho à sua sombra, “devem me anunciar onde estou; não devem me revelar para onde vou. Eu amo a ignorância a respeito do futuro e não quero perecer de impaciência e do antegozo das coisas prometidas”.

Friedrich Nietzsche, ‘A Gaia Ciência’

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