Eu admito, não foi fácil. Eu já fui errado, já me importei. Já tentei argumentar. Já falei “eu só acho que” e defendi alguma efemeridade qualquer. Mas passou. Agora, não só gosto, como adoro essa história de que hetero-homem-branco não tem que dar opinião em nada.
Ao entrar na faculdade, no furor da juventude, somos tomados por um vigor, uma disposição incrível de argumentar e se fazer ouvir. Fomos aprisionados em regras obscuras durante toda a adolescência e experimentamos, alguns, a liberdade de pensamento pela primeira vez.
Nos perdemos em duelos retóricos, muitos rasos, por pessoas rasas ou por argumentos rasos. Alguns não. Alguns são incríveis, construtivos, edificantes. Nos dão uma euforia danada, o coração bate acelerado, as teclas são batidas desenfreadamente, enviamos mensagens sem nem reler direito (e pensamos, merda!, reler teria evitado tanta coisa…).
Mas isso vai passando. No fim da faculdade ninguém mais dá bola praquilo lá. No trabalho a gente não se expõe tanto – precisa manter o clima bom com pessoas que defendem atrocidades. E argumentar com aquela euforia toda já não se torna tão comum.
Foi assim pra mim. Cursar a faculdade, hoje, seria bem mais fácil. Quantos beijos eu deixei de dar por achar que devia defender a minha opinião?
Uma coisa boa de se ter blogs há 10 anos é ter um registro exato e preciso de como você pensava. E eu posso afirmar – minha opinião não vale NADA.
Vejam as atrocidades que eu defendia. Eu não escondo, ta lá. Quem quiser destruir minha reputação tem material de sobra. Quanta besteira eu disse aos 13, 15, 18, 22 anos. Toda hora eu falo uma merda. E me arrependo. E tento melhorar. Ai falo merda de novo. Às vezes, é a mesma merda. Acontece. Me sinto um lixo, que não aprende com os erros. Passa.
Passa. Parece que passo de estágio. Aquilo para de me importar. Assume outras cores. Eu não falo mais aquela merda. O conhecimento enraizou. Se encontro alguém que ainda fala, que ainda se encontra naquele estágio, olho com uma certa empatia, “Já estive ai, amigo. Mas melhorei. Melhore também“, penso.
Nessa Era da Opinião em que vivemos, eu sou meio esquisito. Não ligo pra minha opinião. Já falei muita merda pra achar que ela vale isso tudo. Muita gente já se juntou pra me xingar. Muita. A sociedade é impiedosa quando você fala uma merda.
As pessoas são impiedosas quando você chama atenção.
Eu queria fazer um blog só entre amigos. Um blog em que eu pudesse dizer o que eu penso e que todos pudessem entender que eu tô só dividindo uma parte de mim. Pode ser meio merda. Eu me sinto assim às vezes. Mas aí dou uma respirada, vou na academia, tiro um cochilo, vejo um filme. Logo, logo, já me acho pica de novo.
Vejam vocês como eu sou errado.
Me acho PICA. E não dou a MÍNIMA pro que eu acho.
“Nos perdemos em duelos retóricos, muitos rasos, por pessoas rasas ou por argumentos rasos” isso me lembra como tenho a impressão que hoje em dia as pessoas querem apenas lacrar, likes, compartilhamentos, etc :C
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